segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Minha herança

Fazia tempo que não me inspirava a escrever. Nenhum fato, nenhuma poesia, nenhum gesto, nenhum sentimento, nenhuma canção. Estava vazia de palavras.
Eis que hoje vivi uma epifania das mais belas. Uma canção me tocou... profundamente. No primeiro acorde percebi que ela era especial. Ouvi a primeira vez e fiquei parada, atônita. Ouvi a segunda vez... e fui tomada por uma emoção tão bonita. Fui lembrando de tanta coisa: de mim, dos meus amigos, meus amores... da minha mania de cuidar. Lembrei do meu jardim... dos passarinhos de asa quebrada que lá foram parar e nunca mais saíram. Lembrei dos jardins alheios em que eu também fiz morada. Chorei daquele jeito bonito... em que a lágrima vai caindo sem a gente perceber, até sentir o sal na boca. Sorri de contentamento... quis dividir. Eu divido... porque dividindo eu somo, multiplico.
Divido esta canção com aqueles que amo. Meus pardais selvagens... de quem eu sou herdeira e para quem eu espero deixar alguma herança.


P.S.: Numa brincadeira esta semana, eu questionava Deus por que não havia me feito herdeira. Ele me fez...