quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Não vá pra cama sem ela


Dra. Vani era dessas psicólogas pouco convencionais. Na verdade, antes de ser psicóloga ela havia tentado ser várias coisas: advogada, administradora, engenheira química, publicitária, médica, atriz, quiroprata, cosmetóloga e astronauta. Entrava e saia da faculdade sem o menor pudor, até que se encontrou na psicologia. Como já era de se esperar, seus métodos não são dos mais ortodoxos. Ela nutria a ambição de ser a "Freud" do século XXI. Iria abalar as estruturas da sociedade com revelações nunca d´antes feitas sobre a natureza humana. As cobaias ela já tinha.

Pois é... as cobaias da Dra. Vani eram seus clientes. Quase não é possível falar deles assim, no plural, porque eram apenas dois. Dois pobres infelizes. Aliás, pobres não... porque os honorários cobrados pela Dra. eram obscenos. Infelizes... talvez. Tenho cá minhas dúvidas. E com uma terapeuta como ela, seus dois únicos clientes eram pessoas, no mínimo, intrigantes. A mulher era aparentemente normal, mas logo na primeira consulta foi diagnosticada com "Complexo de Electra severo". E o melhor... bastou a desgraçada dizer uma única frase: "Não consigo manter um relacionamento por mais de três meses", que a Dra., em sua infinita sapiência, logo a sentenciou. O homem era uma "Telma" (lembram da famosa música do Ney Matogrosso?), que bastou dizer na primeira consulta que "não entendia porque suas ex-namoradas o odiavam" que ouviu da competente psicóloga: "homossexual enrustido que não dá o cu até os trinta, vira mau-caráter". Com esta assertiva, a profissional conquistou o cliente! Vai entender o ser humano...

Com o número escasso de clientes - ela sempre os perdia na primeira consulta e nunca sabia o por quê - Dra. vani fazia bicos como dançarina de arrocha em bares e boates da sua cidade e das cidade vizinhas também. Não era como as Tiazinhas ou Feiticeiras. Não usava disfarces. Não temia ser reconhecida. Sensualizava como ninguém e o que não conseguia de clientes no consultório, angariava de fãs nas boates da vida!

Uma outra informação importante sobre a Dra. é que ela tinha um fixação quase doentia por músicos. Não podia ver um cidadão com um instrumento nas costas que a paixão a arrebatava. Não tinha critérios quanto a personalidade, beleza ou estilo musical... bastava ser músico e pra ela era o suficiente para tornar o cidadão irresistivelmente encantador. Ia a todos os shows e se prostrava na primeira fila. Assistia a todos os vídeos no youtube pra decorar as músicas, que cantava como uma crente fervorosa. Compartilhava esses mesmo vídeos com todos os amigos do Facebook, mesmo diante dos protestos dos que não se identificavam com o estilo musical do seu objeto de paixão. Os amigos eram os que mais sofriam com os amores de Dra. Vani. Ela não poupava ninguém... Mas isso é um capítulo à parte.

Falando em capítulo à parte lembrei de outra informação importante: ela cultuava uma galinha. A escultura de plástico tinha altar e tudo na sua casa. Ela acendia vela pra "santa" e até criou uma oração com a ajuda de um dos seus pacientes que tinha o dom pra "escrevinhar", como dizia. Estou certa que não lembrarei de tudo agora, mas prometo que os deixarei a par das idiossincrasias da nossa protagonista. Ela dá o que falar.

Bem... depois desta breve introdução, só posso convidá-l@s a acompanhar aqui as aventuras desta nobre cientista e seus dois pacientes. Revolucionários, subversivos, paladinos, kamikazes, quixotescos... eles irão provar que Freud estava errado, que Jung não sabia de nada, que Nietzsche chegou perto... mas Tom Zé quando disse, "Eu tô te explicando pra te confundir, eu tô te confundindo pra te esclarecer", mostrou que ele é que é o cara!

P.S.: É importante esclarecer que esta é uma produção ficcional e que qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.

Um comentário:

  1. E qual era a tirapia???? Da Dra.? Acabando com a profissional, gente. Tá certo isso??? hahahahahha

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