Estou vivendo mais uma vez uma experiência interessante: dei uma de professora de buraco pra minha amiga "Branca" (é assim que eu chamo Airi, minha parceira psicóloga na pesquisa). Segundo ela, nunca aprendeu a jogar buraco e vivia perdendo neste jogo simples. Para uma pessoa aficcionada por jogo e com um espírito altamente competitivo como ela é, isso era um crime!! rsrsrs... Compadecida da dor de minha mais nova amiga, resolvi ajudá-la... como é hábito meu.
Pacientemente a ensinei durante semanas. Não deixava fazer besteiras, analisava as jogadas junto com ela, explicava e deixava desfazer os erros que cometia. Eu sempre ganhava, mas estava a ensiná-la com dedicação. Queria muito que ela aprendesse, não por altruísmo, mas porque o meríto seria meu também. Não preciso mentir pra vocês... nem pra mim.
Pois o que eu queria aconteceu. Ela aprendeu. Qual não foi minha surpresa esta semana, quando a mocinha começou a ganhar de mim: 1, 2, 3 vezes!!! Fiquei estupefata!!! Diante disso passei a pensei: será que é só uma repetição daquela máxima de que o aprendiz costuma superar o mestre, será que eu sou uma professora muito eficiente, ou sou muito burra mesmo?? Prefiro acreditar na segunda opção. É mais reconfortante. Outra coisa veio à minha cabeça: "cuidado com o que você deseja"!
A partir deste episódio passei a refletir sobre algumas situações que vivi, meu esporte predileto nos últimos meses. Pensei na quantidade de vezes que me dispus a ensinar, e não é à toa que me tornei professora de verdade. É algo que eu gosto verdadeiramente. Gosto de ajudar as pessoas a serem melhores do que são em qualquer coisa, desde que esteja a meu alcance. Creio que a essência do ensinar é isso: ajudar a ir além. Mas não ajudar no sentido de dar suporte, o que pressupõe uma relação de supeioridade de quem ajuda em relação a quem é ajudado. Prefiro o ajuda no sentido de cooperar, que pressupõe a troca... porque ninguém só ensina ou só aprende.
Mas deixando a "filosofia" de lado, estava "a refletire" (como dizem os angolanos) que inúmeras vezes eu fui vítima de meus ensinamentos. Num primeiro momento isso é algo estranho de se ouvir e, mais ainda, de se sentir. Mas é exatamente assim que sinto algumas vezes, é claro: é como ser vítima de você mesma. E aí lembrei de um ditado que a minha avó dizia: "estou criando cobra pra me morder"!
Pois é... as cobras estão aí e eu não moro mais no Butantã!!! rsrsrsrs...
"cuidado com o que você deseja", mas principalmente cuidado com o ensina. se não, cai num buraco sem fim.
ResponderExcluirProfessora, educadora... mesmo que não tivesse essa formação, ao seu lado, sou eterna aprendiz... Vc é a verdadeira definição do conceito "ensino-aprendizagem"...
ResponderExcluirSaudades...
Déia